- Eu sei que isso é só para tentar pegar o caderno de mim, não é o seu charme que vai me confundir agora. Não agora. – falei um pouco fria para o momento.
- Porque eu faria isso contigo? E se eu apenas quisesse uma desculpa para esse momento? Se eu quisesse realmente o caderno eu poderia ter pego de você, e você sabe muito bem disso. – falou amargamente.
- Não seja por isso então. – me soltei dele, e entreguei o caderno batendo com ele um pouco forte em seu abdômen definido. E saí andando.
- Ei, você é mais difícil do que eu imaginei. Espera ai, não vai – falou ele andando um pouco atrás de mim, até que seus dedos tocam em minha mão, e me fazem virar. – Venha aqui – me puxando lentamente para um tipo de arquibancada improvisada que tinha no pátio. Ele sentou em um degrau, e me puxou para o seu lado, mais não quis. Apenas fiquei na sua frente.
- O que é? – falei sem ser fria, sem entregar as mangas, apenas fui eu mesma. E alguns segundos se passaram, e ele não falou nada, apenas me olhou, olhou para o caderno, e voltou a me olhar em seguida. Ele soltou uma das minhas mãos, e com a outra abriu seu caderno, e deixou as folhas voarem até o final do mesmo. E me entregou. – eu não quero ver nada do seu caderno, Davi. –
- Deixa de ser teimosa, Anais, eu quero que você veja! – me entregou o caderno, do jeito que estava só fiz soltar sua mão da minha pegar o caderno e começar a ler. Não pude acreditar em nada que estava escrito ali. Era forte demais, feliz demais, me fez lacrimejar. Ao terminar, seu rosto estava virado para o lado. Entreguei para ele o caderno, e ao mesmo tempo ele me abraçou forte, seu rosto encostou em meu peito, onde ele pode ouvir meu coração, e sabia que ele estava batendo forte demais. Até que ele sorriu para mim, se levantou e me olhou profundamente.
- Eu não sei o que lhe dizer.. Eu.. – as palavras saiam como se estivesse em câmera lenta, podia sentir meu coração querendo pular para fora do meu corpo, minhas penas tremendo, podia ver o seu sorriso lindo olhando para mim, o seu rosto virado apenas para mim. Sem olhar para os lados, sem querer ver mais ninguém além de mim. Até que ele encostou um dedo em meus lábios, me fazendo ficar calada. E aproveitar o momento.
Eu podia imaginar o que estava por vim, mais uma onda de confusão, amor, carinho, desespero, me atingiu em cheio.. Tarde demais, seus lábios já estavam encostados nos meus. Eu já podia sentir sua profundidade. Podia sentir o calor que seus lábios me transmitiam, a sensação de conforto, a sensação de estar em um paraíso, apenas eu e ele. E a vontade de que aquele momento nunca acabace, e se fosse pra acabar demorasse bastante. Podia sentir suas mordidas delicadas e ao mesmo tempo quentes, os chupões. Uma de suas mãos em meu pescoço me fazendo arrepiar, e a outra que tocava lentamente meu rosto. E parecia um momento eterno, até que respirar estava ficando difícil demais.
Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, parecia que um sonho estava se realizando. E não apenas parecia, estava se realizando de verdade. Sua mão percorreu em meu corpo, ao encontro das nossas mãos, entrelaçando aos poucos nossos dedos, e afastando mais devagar ainda os nossos lábios, até que seus olhos se encontraram aos meus, e um sorriso, o mais lindo que tinha, se abriu para mim, me fazendo sorrir também, eu só queria que nada nos interrompesse.
Não agüentei, e abracei-o o mais rápido e apertado que pude. Ele pareceu recuperar o fôlego e falou enquanto eu tentava recuperar o meu:
- Eu de verdade, não acredito que tudo isso está acontecendo. O quanto eu esperei por esse momento, o quando eu idealizei, e sonhei com ele. E agora você está aqui na minha frente. Me desculpa se esse tempo todo eu te evitei, te ignorei. Mais encarar você sem poder tocar em seus lábios estava difícil demais. Ter que te ver abraçando todo mundo, e não só a mim. Ter que ficar ao seu lado apenas como um amigo, e não poder te agarrar na frente de todos esses panacas que dão em cima de você, e iriam fazer de tudo para estar ao seu lado. Tudo isso estava se tornando difícil demais. Me desculpa.. – eu estava gritando, pulando, por dentro, não estava acreditando em nada. Até que levei meus dedos até seus lábios, e senti ele se aproximando novamente de mim, mais não.. eu precisava falar.
- Eu sei como é isso, não peça desculpa. Não se preocupe, agora eu entendo tudo. E se não fosse isso a gente nunca teria chegado a esse ponto. E apesar de tudo, eu não me arrependo de nada. Apenas não fale mais nada. Eu só quero está contigo, e mais nada. – falei olhando em seus olhos como se fossem os únicos do mundo.
- Tá – foi a única coisa que saiu entre seus lábios – Mais eu preciso falar alguma coisa, eu não vou agüentar ficar calado e não colocar pra fora tudo que eu sempre quis dizer – afirmei com a cabeça, e deixei ele continuar. – Eu não sei se você gosta de mim como eu gosto de você, mais não se preocupe, você vai gostar de mim sim. E nem que eu tenha que fazer as maiores loucuras do mundo. Mais você vai aprender a gostar de mim. Apenas deixe que eu te conquiste, e faça de você a única do mundo para mim. Me deixe viver cada segundo ao seu lado, eu só quero ficar assim contigo – falou ele, aproximando nossos lábios, e me enchendo de selinhos – assim, para sempre, o quanto der. Eu não sei se você se importa com a diferença de idade, mais eu acho que não. E por mim não importa, eu não to nem ai. O importante é que eu consegui, e quero ser feliz não importa como. Então deixe tudo acontecer, porque é o que eu quero. – Eu não agüentei, tive que respirar muitas vezes antes de falar. Parecia que eu tinha encontrado a perfeição. Como alguém consegue falar tudo isso? Consegue tornar cada segundo tão importante? Eu só posso estar no paraíso. E enfim, eu consegui falar:
- Eu deixo, não importa como ou quando, eu quero viver com você, e ser feliz apenas ao seu lado. E na verdade, eu sempre gostei de você, não vai ser difícil você me conquistar mais ainda – falei sorrindo, até que ele me abraçou. E eu apenas repeti em seu ouvido: Eu deixo.
FIM [...] *-*